top of page

A Piscina de Siloé que Jesus conheceu.

Atualizado: 9 de mai. de 2022

Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo". Tendo dito isso, ele cuspiu no chão, misturou terra com saliva e aplicou-a aos olhos do homem. Então lhe disse: "Vá lavar-se no tanque de Siloé" (que significa Enviado). O homem foi, lavou-se e voltou vendo. Seus vizinhos e os que anteriormente o tinham visto mendigando perguntaram: "Não é este o mesmo homem que costumava ficar sentado, mendigando? "Alguns afirmavam que era ele. Outros diziam: "Não, apenas se parece com ele". Mas ele próprio insistia: "Sou eu mesmo". "Então, como foram abertos os seus olhos? ", interrogaram-no eles. Ele respondeu: "O homem chamado Jesus misturou terra com saliva, colocou-a nos meus olhos e me disse que fosse lavar-me em Siloé. Fui, lavei-me, e agora vejo". Jesus ouviu que o haviam expulsado, e, ao encontrá-lo, disse: "Você crê no Filho do homem? "Perguntou o homem: "Quem é ele, Senhor, para que eu nele creia? " Disse Jesus: "Você já o tem visto. É aquele que está falando com você". Então o homem disse: "Senhor, eu creio". E o adorou. Disse Jesus: "Eu vim a este mundo para julgamento, a fim de que os cegos vejam e os que vêem se tornem cegos". João 9.1, 4-11, 35-39.



A Bíblia é repleta de histórias emocionantes como essa. Mesmo sendo um livro religioso, em seus testemunhos, os autores descreveram com exatidão histórica pessoas e lugares reais. Descrever tantos detalhes revela que essas pessoas conheciam muito bem os locais, coloca um palco familiar para os judeus que da região e também ensina os ouvintes que não conheciam Israel. Isso traz mais credibilidade aos relatos.


O melhor de tudo é que, depois de séculos de destruições e reconstruções, as milhares de ruínas desenterradas pelos arqueólogos têm atestado a fidelidade geográfica dos textos bíblicos. A Piscina de Siloé é uma dessas maravilhas arqueológicas.

O nome Siloé é a transliteração grega do nome hebraico Shiloah (Piscina de Siloé: בריכת השילוח, Breikhat HaShiloah), que, por sua vez, vem do verbo hebraico שלח (shalah), que significa enviar ou deixar ir. Apesar de também ser conhecido em português como Tanque de Siloé, o nome piscina é mais apropriado já que era usada como uma mikvé, uma piscina para a purificação ritual judaica. A piscina de Siloé também é chamada de Tanque Inferior em Isaías 22.9.


Qual era a função da Piscina de Siloé?


Como as águas doces de Siloé vinham da Fonte de Gihon, eram consideradas “águas vivas”, o que qualificava a piscina para ser usada no banho de purificação judaica. Veja a fonte de Gihon na imagem abaixo.


FONTE DE GIHON

De acordo com o Talmud de Jerusalém, a piscina de Siloé era o ponto de partida para os peregrinos que vinham à Jerusalém, principalmente nas três grandes peregrinações. Depois de se purificarem em Siloé, subiam por uma via íngreme de pedra, que, após 634 metros de extensão e 115 metros de elevação, os deixava na escadaria sul da Esplanada do Templo, entrando no pátio pelas Portas de Hulda. Sendo um reservatório de água, o tanque também poderia ser usado como fonte de água em tempos de necessidade. "Sabemos hoje que a piscina de Siloam está conectada ao Monte do Templo. Há uma via que conecta os dois elementos. Todo o sistema está mais claro hoje", disse o arqueólogo Shukron.


Nas fotos abaixo, a Piscina de Siloé, o caminho entre a piscina e o Templo (hoje no subterrâneo) e uma foto aérea da região.


A Piscina de Siloé era particularmente importante na Festa de Sukot, também conhecida como Festa dos Tabernáculos ou das Cabanas, quando suas águas eram usadas para a oferta de libação. Os peregrinos judeus agitavam felizes seus lulavs (ramos de tamareira e murta amarrados com um fio dourado), enquanto levavam na outra mão o etrog (uma fruta cítrica) , caminhando até Siloé para assistir o sacerdote retirar suas águas com um jarro de ouro (levítico 23). Ao receber as águas de Siloé, o sumo-sacerdote as usava em um ritual, cantando o salmo 118 (Isaias12.3). Foi durante essa festa, que Jesus se revelou como “o Enviado”, a “água viva” para salvar aqueles que foram por ele curados da cegueira espiritual. Após 20 séculos, no ano de 2014, (ano judeu 5775), essa cerimônia foi parcialmente realizada pelo Instituto do Templo. Você pode assisti-la abaixo.


Época do Primeiro Templo


Prevendo o cerco de Jerusalém pelo exército assírio de Senaqueribe, o rei Ezequias realizou uma façanha de engenharia. Ele ordenou a escavação de um túnel com 533 metros de comprimento, no leito de rocha da cidade de Jerusalém, para desviar as águas da fonte de Gihon. Com isso, os israelitas teriam água e os inimigos nenhuma gota sequer. Depois de tudo o que Ezequias fez com tanta fidelidade, Senaqueribe, rei da Assíria, invadiu Judá. Ele sitiou as cidades fortificadas para conquistá-las. Quando Ezequias viu que Senaqueribe pretendia guerrear contra Jerusalém, consultou os seus oficiais e os comandantes do exército sobre a idéia de mandar fechar a passagem de água das fontes do lado de fora da cidade; e eles concordaram. II Crônicas 32.1 a 3. Ora, o mais dos atos de Ezequias, e todo o seu poder, e como fez a piscina e o aqueduto, e como fez vir a água à cidade, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá? II Reis 20.20. Foi Ezequias que bloqueou o manancial superior da fonte de Giom e, canalizou a água para a parte oeste da cidade de Davi. Ele foi bem sucedido em tudo o que se propôs a fazer. II Crônicas 32.30



Duas equipes escavaram o túnel, cada uma partindo de uma extremidade. O rei Ezequias ordenou colocar uma pedra retangular com uma inscrição em hebraico marcando o local onde as duas equipes se encontraram. Hoje, no túnel, existe uma réplica desse marco, enquanto a original está no Museu de Istambul. Mesmo muito desgastada, ainda foi possível ler o texto que diz:


E esta foi a maneira em que foi perfurado: — Enquanto [. . .] ainda (havia) [. . .] machado(s), cada homem em direção ao seu companheiro, e quando ainda faltavam três côvados para serem perfurados, [ouviu-se] a voz dum homem chamando seu companheiro, pois havia uma sobreposição na rocha à direita [e à esquerda]. E quando o túnel foi aberto, os cavouqueiros cortaram (a rocha), cada homem em direção ao seu companheiro, machado contra machado; e a água fluiu da fonte em direção ao reservatório por 1.200 côvados, e a altura da rocha acima da(s) cabeça(s) dos cavouqueiros era de 100 côvados.


Época do Segundo Templo


A piscina que Jesus conheceu é posterior à de Ezequias, talvez tenha sido construída por Alexandre Jannaeus (103-76 a.C.), provavelmente sobre as ruínas da primeira. A piscina ficava na Cidade Baixa de Jerusalém, conhecida como Acra. Destruída no ano 70 d.C., durante a Primeira Guerra Judaico-Romana, guardou ao longo dos séculos até quatro metros de entulhos e sedimento, ficando totalmente coberta até o as primeiras escavações em 1880.



Época Romana Tardia e Bizantina


Desde sua fase primitiva, a cristandade considera a Piscina de Siloé como um local especial. No século V d.C., na euforia por encontrar e marcar os locais cristãos na Terra Santa, a imperatriz bizantina Aelia Eudóxia (400 a 460 d.C.) construiu uma piscina e uma igreja em frente ao final do Túnel de Ezequias. Podemos ver suas ruínas até os dias de hoje, cercadas por muros altos e uma escadaria. Essa piscina foi destruída pelos persas em 614d.C. Por séculos suas ruínas receberam peregrinos cristãos que acreditavam, erroneamente, ser o tanque dos tempos de Jesus.



Primeiras escavações


Entre 1894 e 1897, arqueólogos conduzidos por F.J. Bliss e A.C. Dickie encontraram 34 degraus talhados na rocha que levavam à um pátio em frente à Piscina de Siloé. Eles não sabiam, mas era a rua de peregrinação que ligava a Piscina de Siloé ao Templo de Jerusalém.


No início dos anos 1900, o Padre Vincent desenhou um esquema onde aparecem a piscina bizantina e, mais abaixo, na região denominada “Birket el-Hamra”, o que ele chamou de “Lago de Siloé”. Estudiosos já suspeitavam ser o local real da antiga piscina bíblica, o que se confirmou após um século.



Redescoberta


No outono de 2004, uma antiga tubulação turca precisou de reparo. A máquina da fundação Ir David escavava o solo sob o olhar atento do arqueólogo Eli Shukron e Ori Orbach da Autoridade de Parques e Natureza de Israel, quando colidiu com algo muito duro. Shukron solicitou o desligamento da máquina e junto com o arqueólogo da Autoridade de Antiguidades de Israel chamado Ronny Reich, desenterrou dois degraus de pedra.



No momento em que revelamos e descobrimos isso há quatro meses, estávamos cem por cento seguros de que era a piscina de Siloam", disse o arqueólogo Eli Shukron.


As escavações seguiram, revelando uma piscina monumental. A descoberta dos cantos nordeste e expuseram três conjuntos de cinco degraus separados por um patamar, em pelo menos três lados da piscina. Seus ângulos ligeiramente maiores do que 90º, revelam que a piscina tinha a forma de um trapézio. O lado norte tem cerca de 70m de largura. A fantástica descoberta foi formalmente anunciada em 9 de agosto de 2005. "Aqui podemos julgar e ver o quão grande é - a grandeza da cidade naquela época", disse Reich



Uma boa parte da piscina permanece soterrada sob o terreno da Igreja Ortodoxa Grega que cultiva um pomar chamado Jardim do Rei (uma referência a Neemias 3:15). A piscina é toda revestida de pedra e, por baixo, parece haver evidências de uma piscina mais antiga revestida com gesso onde foram encontradas cerâmicas e moedas do reinado de Alexandre Jannaeus, é desse fato que se supõe a data de sua reconstrução. A Autoridade Israelense de Antiguidades está negociando uma possível escavação com a Igreja Ortodoxa Grega, que continua a proibir escavações em sua propriedade, privando os cristãos de todo o mundo da oportunidade de ver a piscina que ficou famosa pelo milagre de Jesus totalmente escavada e, quem sabe, cheia. Além de parte da piscina, foram descobertos uma porção da esplanada ao seu redor e o canal que trazia água de Gihon.



Sobre Siloé é bem interessante perceber que Jesus realiza apenas duas curas em Jerusalém, um homem coxo na Piscina de Betesda (João 5.2 a 9) e um cego na Piscina de Siloé, provavelmente para estabelecer uma relação com o rei Davi do qual descendia. O rei e seus soldados marcharam para Jerusalém para atacar os jebuseus que viviam lá. E os jebuseus disseram a Davi: "Você não entrará aqui! Até os cegos e os aleijados podem se defender de você". Eles achavam que Davi não conseguiria entrar, mas, Davi conquistou a fortaleza de Sião, que veio a ser a cidade de Davi. Naquele dia disse Davi: "Quem quiser vencer os jebuseus terá que utilizar a passagem de água para chegar àqueles cegos e aleijados, inimigos de Davi". É por isso que dizem: "Os ‘cegos e aleijados’ não entrarão no palácio". Davi passou a morar na fortaleza e chamou-a cidade de Davi. Construiu defesas na parte interna da cidade desde os muros de arrimo. 2 Samuel 5.6 a 9


Assim como os jebuseus rejeitaram Davi como ungido de Deus, os judeus rejeitaram a Jesus, seu descendente, como messias. Mas, sendo arauto da nova aliança, Jesus não amaldiçoou como Davi, ao contrário disso, trouxe vista aos cegos e endireitou os pés daqueles que o aceitaram como Deus e Senhor. Siloé é isso, lugar de profundo significado arqueológico e espiritual. Um dos poucos sítios exatos de um milagre de Jesus Cristo. Hoje a piscina pode ser visitada ao sul da Cidade de David, no lado oeste da colina oriental, com um ingresso no Parque Nacional Cidade de David.



Dr. Felipe Silva

Tour Leader Renova Turismo.

Cirurgião-Dentista Artesania Studio Oral


"A longínqua e empoeirada Terra de Israel é o palco das histórias bíblicas. Sonho de milhares de pessoas, reserva emoções inesquecíveis a todos aqueles que aceitam com fé o seu chamado."

4.570 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page